Amarela pálida lua reflete sobre o informe oceano da sua
face. Seus olhos apresentam uma escuridão opaca como a que se apresenta no cair
da noite. Na velha floresta as folhas de verde decadente delineiam o vento que
extirpa seu doce perfume, então devolvo seu corpo a terra e ludibrio-me com
amargo vinho olhando rumo ao informe oceano e escutando o silencio da floresta
que é mais solidão que paz. Ainda lembro-me dos alvos sorrisos, dos teus olhos
fitando o horizonte e isso preenche o vazio, até que recordo o som dos passos, enquanto
da floresta saíram os soldados e também você querida, cujo semblante trazia um
oceano informe e nos olhos a escuridão opaca como a que se apresenta no cair da
noite marcado pelo destino final.
quarta-feira, 2 de janeiro de 2013
terça-feira, 28 de agosto de 2012
Diário de Inverno
Quando se formam as tempestades, minha alma inerte
procura os sentimentos perdidos.
Sobre a superfície de um pacifico lago, vejo
refletir sua sombra e sua voz soa unida ao vento que vem do mar atrás das
montanhas dos pássaros solitários.
Alguém ainda espera por mim, em um lugar, que não
posso retornar.
Nas tardes de inverno, meus olhos fixaram-se nos
voos dos pássaros itinerantes.
E nesse momento desejei poder voar ao limpo livro
do passado onde poderia reescrever minha partida, redesenhar seu triste olhar,
perdido no riso apagado pelo amor partido.
Espero que a chuva caia rapidamente, somente para
que possa retornar para os campos amarelados pelo outono onde a tinha em meus
braços.
Enquanto isso as densas nuvens apenas formam-se, e
em minha memoria procuro pelos sentimentos registrados no diário.
A brisa tênue trás sua voz pronunciando o meu
nome, então consigo ver quão grande ainda é a luz em seu coração.
Dentre o bradar dos trovões em clamor a tempestade
que ofusca o pôr-do-sol pode-se ouvir os pássaros retornarem, apenas os
pássaros, trazendo o seu perfume e sua mensagem.
Finalmente cai à chuva. É o momento de retornar
para os campos.
Então o diário se fecha deixando pairar no ar a
profecia das vozes inexistentes que nas tardes de inverno narram suas
inimagináveis histórias de amor.
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